Jesus é o Caminho a verdade e a vida...

O conselho raramente é bem recebido e quem mais necessita dele é quem menos o aprecia.

Philip Chesterfield

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

DANDO VALOR À VIDA

Simplismente não consigo expressar o que aprendi lendo esse texto, navegando na internet, por acaso encontrei a História de vida dessa criança guerreira, que psssou por sofrimentos indecifráveis, mas que teve uma grande coragem e sabedoria por se apegar ao todo poderoso. Sei que o texto é grande, mas vale muito a pena ler até o final. fiz questão de copiar até mesmo os seus agradecimento, pois creio que não está ali por acaso...

Aprendi muito hoje com esse documentário e levarei a história dessa garotinha para todo a minha vida, é sei que não foi por acaso que conheci a história dela, tenho o pressentimento que Deus me prepara para algo...

grande abraço a todos.. leem até o fim. vai valer apena!

Will Dias

DANDO VALOR À VIDA
Michele Moreira da Silva

QUEM SOU EU

Meu nome é Michele Moreira da Silva; tenho 15 anos e estudei até a série. Parei devido à doença, e pretendo terminar os estudos.
MINHA ADORADA FAMILIA
Meus pais:
Severino Nazaré da Silva Filho e Sandra Moreira.
Meus 7 irmãos: Débora (2la), Paula (20a), Edson (17a), Gisele (12a),
Thiago (9a), Felipe (7a) e Sara Cristina (4a).
Meu pai tem uma bicicletaria na garagem de nossa casa, em Mogi das
Cruzes, onde trabalha para por o pão de cada dia em nossa mesa. É homem bom, humilde, honesto, muito trabalhador e persistente nas coisas que quer.
Minha mãe é super amiga, companheira, aquela que todos os filhos gos­tariam de ter.
Como não é difícil de imaginar, meus irmãos são os melhores do mun­do.
MINHAS LUTAS
Vou contar para vocês uma história sofredora, que realmente aconteceu comigo, ensinando- me a dar valor à vida e apreciar as belezas do mundo: o céu, o mar, as estrelas, etc. Reparei que devemos amar muito a vida, pois sem ela não somos ninguém.
Tudo começou com uma simples dor no ombro. Jamais poderia imagi­nar que era um “câncer”. Vocês têm noção do que é câncer? Só quem passou por isso pode dizer. E é por essa razão que quero dividir minha experiência com vocês...Até então, gostava muito de ir para a escola, de sair com meus amigos e amigas, de levar a vida da forma simples que conhecia e que gostava de viver.
No entanto, bastou um segundo, um pequeno segundo, para mudar tudo. Na hora que a médica veio trazer o resultado da biópsia eu não me comovi e nem chorei: fiquei parada, quieta, com os olhos arregalados, pensando: - E daí? O que vai acontecer comigo?
Enquanto eu pensava, minha mãe, desesperada, chorando muito, ligava para meus familiares e lhes dizia:
- O resultado foi tumor malígno!
A família toda ficou muito decepcionada, mas, enfim, não podíamos fazer nada. Nada poderia ser alterado. Se Deus assim permitiu, assim seria...
Foi então que comecei a ficar bem abalada; iniciei a quimioterapia, úni­ca opção de tratamento.
A médica conversou com minha mãe, explicando- lhe que iria cair o meu cabelo e que eu emagreceria, além de baixar a minha imunidade. Internei- me, então, para fazer a primeira sessão da tão falada quimioterapia. Fiquei super mal: vomitava o dia inteiro, não conseguindo beber nem água. Fiquei muito magra, pois perdi cerca de 10 quilos. Minha mãe foi em casa pegar algumas roupas para nós. Quando voltou, levou-me para tomar banho. Conforme entrei debaixo do chuveiro, meu cabelo começou a cair; minha mãe, nervosa, querendo que eu saísse logo do chuveiro, e eu ali, vendo meu cabelo ir embora pelo ralo. Fiquei carequinha, 3 meses internada; eu já tinha me acostumado: o hospital parecia ser minha nova casa e os pacientes pareciam ser meus novos irmãos...
Bem, com a primeira quimioterapia que fiz, a química mexeu com o tumor, que ao invés de diminuir, aumentou; meu braço ficou enorme, maior que minha cabeça. Os médicos íam me ver no quarto com aquela cara de preocupados e eu ali, morrendo de dor, tomando drogas fortíssimas que de nada adiantavam, pois a dor não aliviava de jeito nenhum...Eu não conseguia nem andar reta; encurvava de tão pesado que era meu braço.
Quando passava pelo corredor da Santa Casa, as pessoas me olhavam e eu percebia que pensavam que eu estava sofrendo muito; e elas tinham razão. Minha mãe saiu para conversar com os médicos e aqui abro um parêntesis para dizer que percebo quando ela chora porque é branquinha e fica vermelhinha e quando entrou no quarto estava bem vermelha. Perguntei-lhe o que ía acontecer comigo. Minha mãe respondeu:

- Filha, elas vão dar dois dias para seu braço murchar - e parou de falar.
E eu perguntei-lhe:
- E se não murchar em dois dias?
- Então vão ter que amputar seu braço.
- respondeu-me.
De minha face começaram a escorrer lágrimas. Gritar, não podia, pois forças não tinha. E ali, parada, fiquei. Em dois dias, porém, um milagre acon­teceu.
Os médicos passando visita nos quartos e eu e minha mãe ali, felizes da F vida, porque o tumor tinha diminuído. Seus olhos procuraram logo meu bra­ço, e, quando perceberam o que havia acontecido, a alegria foi geral; ficaram super felizes, e parecia que não eram só eles, mas o hospital todo comparti­lhando de nossa felicidade!
Continuei internada, mas já estava bem melhor, quando fiquei sabendo que ía ter alta. Fiquei muito feliz e não via a hora de voltar para a minha linda” casa. Só depois de tudo isso que passei foi que comecei a dar valor para minha casa, meus pais, meus irmãos, meus amigos e minha própria vida.
Eu estava tão feliz por estar indo embora do hospital, tão entusiasmada, que até me esqueci que estava careca. Quando estávamos nos despedindo de todos, passei a mão na cabeça e falei para minha mãe:
- Ah, mãe! Careca eu não vou embora, não!
E para arrumar um chapèuzinho? Minha mãe não tinha um tostão no bolso. Foi então que uma tia voluntária do hospital foi comprar um chapéuzinho e um lenço para mim. Após agradecer-lhe pus o chapéu na ca­beça, entramos na ambulância e fomos embora. Quando cheguei em casa, o cheiro dela era diferente; eu não a estava reconhecendo mais; ela estava diferente: parecia que eu tinha ficado um ano no hospital. Minha casa se encheu de pessoas, até pessoas que eu nem conhecia; era o dia inteiro recebendo visitas. Ficava, às vezes, parada, pensando como a vida é boa e bela!
Voltava de 15 em 15 dias para fazer outra sessão de quimioterapia; so­fria muito, tinha muito enjôo, mas no hospital arrumei muitos amigos com esse problema. Eu era mais conhecida que nota de 1 real, e conhecia o hospital todo. Gostava de todas as médicas, pois eram muito atenciosas e carinhosas com as crianças. Fiz muitas amizades e éramos muito apegadas. Já nem ligávamos mais quando tínhamos que internar, pois esse era o tratamento e sabíamos que seria longo. Conformada, continuei fazendo quimioterapias, até chegar o momento de operar o ombro. Isso ocorreu em fevereiro de 2001, quando os médicos tiraram o tumor e o osso do braço, pois disseram que o osso parecia uma peneira, de tão comido pelo tumor. Foi colocada uma prótese que não me daria todos os movimentos, mas uma boa estética. Não me importei, pois queria que o tumor não estivesse mais em mim. Pouco tempo se passou, e infelizmente apareceu uma metástase em meu pulmão direito. Novamente, tive que operar. Fiz mais quatro sessões de quimioterapia e fiquei três meses bem. Sentia que minha vida tinha voltado ao normal. Eu e minha família já estávamos felizes. Só ía ao hospital para fazer exames. Eu me sentia uma pessoa normal novamente.
Mas, tinha uma coisa que eu não sabia: que essa doença poderia voltar. Foi o que aconteceu. Fiquei muito triste, e agi como das outras vezes: parei e fiquei pensando. Na verdade, eu escondi de minha mãe. Senti um caroço no meu braço, mas não falei para ninguém. Fiquei gemendo de dor, mas escondia, pois sa­bia o que ía acontecer: perderia meu braço. Foram se passando os dias, até que não agüentei mais a dor; tomei coragem e chamei minha mãezinha; ela estava tão feliz por eu estar bem, mas não tinha outro jeito. Criei coragem, e lhe disse:
- Mãe, saiu um caroço aqui no meu braço!
Minha mãe, desesperada, arregalou os olhos e correu em minha direção, pôs a mão no caroço e seus olhos brilharam: não de felicidade, mas de triste­za...
Eu estava muito angustiada, pois sabia o que me aconteceria. Fomos para o hospital e, chegando lá, o médico, olhando-me nos olhos, perguntou-me:
-  Está tudo bem, Michele?
Deixei que minha mãe lhe respondesse:
-  Não está tudo bem não, doutor.
Ele me chamou para examinar, e, após, disse que provavelmente seria outro tumor. Desta vez, não agüentei. Sempre que recebia uma notícia ruim, engolia
o  choro. Mas, desta vez, chorei muito sentindo o coração bater forte, forte; era como se tivesse levado uma tacada no peito, ou melhor, sentindo o mun­do desmoronando sobre minha cabeça. Eu já tinha recebido alta do tratamento e só de pensar em fazer outra cirurgia, tinha vontade de sumir. Internei-me, não para amputar o braço, mas para ver se conseguiam tirar o tumor. Quando abriram, no entanto, que decepção! O tumor estava entre os tendões do braço, e, se mexessem, meu braço não mais teria vida. Ainda sobre efeito da anestesia, acordei e, vendo minha mãe ao meu lado, pergun­tei- lhe se a cirurgia tinha corrido bem. Ela me respondeu:
-  Ainda não conversei com os médicos.
No quarto em que eu estava tinha uma menina nova no hospital, de nome Karina, que também já tinha sofrido bastante, apesar de ter pouco tempo de tratamento. Até então, eu ainda estava com meu braço, aguardan­do notícias do médico. Quando ele entrou no quarto, ansiosa, lhe perguntei se tinha tirado todo o tumor, esperando que me desse uma boa notícia. Ele, porém, me disse:
- Não, Michele. Não deu para tirar tudo.
Minha mãe disfarçou e saiu do quarto para conversar com ele. Fiquei aguardando, uma eternidade...
Quando ela retornou, triste, disse-me que desta vez não teria jeito: teria que amputar o braço, querendo ou não. Veio uma psicóloga conversar comigo e eu me conformei, pois já não estava agüentando a dor. Mesmo sem ter cicatrizado ainda o corte da outra cirurgia, anteciparam a amputação. Tirei a roupa, coloquei a camisola, deitei na maca e eu. ali. morrendo de dor, querendo ir logo para o centro cirúrgico, nem imaginando que sairia de lá sem meu braço...
No dia da cirurgia o padre Marcelo Rossi estava visitando o hospital e havia muita agitação. Quando as enfermeiras iam me levando para o centro cirúrgico, outras mandavam voltar comigo, para esperar o padre me abenço­ar. E eu com tanta dor, mas tanta dor que queria ir logo me livrar daquela maldita dor que tanto judiava.
Eu ali na maca e um monte de gente em volta de mim com máquinas fotográficas esperando o padre chegar. Quando ele chegou, veio direto em minha direção, pôs a mão em minha cabeça, e me abençoou; todos batiam fotos daquela cena.. .Felizmente, fui para o centro cirúrgico e minha mãe me acompanhou até a porta. Quando eu ia entrar ela apertou a minha mão bem forte, olhou para mim, e começou a chorar. Eu, ali, não quis chorar perto dela para que ela não sofresse mais ainda; na hora que entrei, chorei e pensei que tudo isso já tinha acontecido outra vez, só que agora, precisava ficar livre daquela dor...
Fui anestesiada e dormi. Não vi mais nada. Quando acordei, a primeira coisa que fiz foi olhar para ver se meu braço ainda estava em meu corpo. Não, não estava, apesar de ter a sensação de ainda tê- lo comigo. Parei e senti que não tinha mais dor. Olhei para a enfermeira e sorri, aliviada. Sim, a dor sumira...Fiquei no quarto de recuperação mais um pouco, e logo fui para a enfer­maria.

Ao entrar, disse:
         - Mãe, estou sem dor. Não fique triste, pois daqui para a frente, nada vai mudar. Nós ficaremos felizes, chega de tristezas. Eu não sei de onde estava tirando tanta força! Estava tão bem que em tres dias tive alta e nem estava ligando por não ter um braço; o importante era não ter dor, estar com vida e ter minha mãe ao meu lado.
Demorou um pouco para me acostumar com a turma, mas, rapidinho já me senti à vontade. Tive que fazer 4 sessões de quimioterapia, até aí, meu cabelo já estava bem grandinho. Estava preocupada dele cair, mas, graças a Deus, isso não aconteceu. A minha vida é tudo pra mim. Por isso. vocês, que têm saúde e vivem reclamando de qualquer coisa que acontece, olhem para trás e vejam que têm pessoas com problemas piores! Tantas pessoas com saúde e vivem pelo mundo se drogando, bebendo e até se matando.Têm pessoas que falam que a vida não é nada, mas só quem passa perto da morte aprende a dar valor à vida, à saúde. Por isso, não importa se você é pobre, rico, preto ou branco, com ou sem defeitos físicos; tendo saúde, o resto a gente dá um jeito. Retomando o que estava dizendo, fiz 4 sessões de quimioterapia, recebi alta do tratamento e fiquei muito feliz pela terceira vez. Eu jamais desanimei, e continuarei tentando até quando puder!
Fiquei 2 meses bem. Sabem o que aconteceu? O tumor voltou nos meus 2 pulmões. Eu lá na sala de espera, aguardando a médica chegar e me chamar para saber o resultado do exame, nervosa, pressentindo que alguma coisa não es­tava bem... A médica me chamou, eu dei aquele sorrizinho meio sem graça, e entrei na sala; minha mãe estava lá, chorando. Meu coração só faltava sair pela boca. Pensei: - não está nada bem com os exames.

A doutora, disfarçando, falou:
- Você sabe por que sua mãe está chorando? E que apareceu nódulo no seu pulmão esquerdo e no direito. Eu, ali, sempre segurando o choro, pois não conseguia chorar perto de minha mãe, pois achava que ela ficava bem triste e eu fazia de tudo para não vê- la mais triste. Eles me internaram para cirurgia; no dia da cirurgia, entrou uma emer­gência e mandaram a gente embora. Não achei nada ruim. Fui embora toda feliz!
Retomamos ao hospital na semana seguinte, e, como teve outra emer­gência, voltamos novamente para casa sem operar. Os dias corriam muito e quando chegou outra vez o dia de irmos para o hospital, eu não quis ir. Minha mãe xingou um pouco, mas ficamos em casa. Na outra semana, os médicos nos deram uma bronca, dizendo que ti­nham arrumado vaga para mim e que estava tudo preparado. A doutora me internou, me furaram toda para encontrar uma veia, colocaram soro e eu sen­tia que daquela vez não voltaria mais para casa. Estava esperando na maca, quando veio uma doutora e falou que tinha entrado uma emergência. Minha mãe, nervosa, reclamou com a doutora que meu caso era grave, que não poderia esperar, não poderia ficar adiando... Eu estava torcendo para não operar naquele dia, o que realmente aconteceu. Ficamos uma semana em casa e eu sabia que o médico tinha me desen­ganado. Minha mãe e os médicos pensam que sou boba, por ser jovem; mas, comecei a perceber que um monte de gente ficava conversando com minha mãe e quando eu me aproximava, paravam de conversar; sabia que os médi­cos estavam preocupados comigo, mas eu nem desperdiçava lágrimas. Eu sabia que corria o risco de abrir e não dar para tirar os tumores porque esta­vam muito grandes: de um lado, tinha um de 5cm e dois de 2cm cada e do outro lado tinham três de 2 cm cada.
Mesmo assim, não me preocupei, pois sabia que Deus e seus anjos esta­vam sempre do meu lado, me protegendo e que quem ia me ajudar na cirurgia era O Todo-Poderoso. Bem, voltamos na outra semana desta vez eu estava pronta para operar e para uma surpresa, quando os médicos abrissem o meu pulmão. Fui para o centro cirúrgico, fui anestesiada e os médicos, juntamente com Deus e seus anjos, ali estavam.
Quando acordei, a primeira coisa que minha mãe falou, com aquele
sorriso feliz e contente, foi:
- Filha, na cirurgia correu tudo bem.

No outro dia, os médicos, felizes, foram todos ao quarto me ver, e eu
senti que tinha vencido mais uma luta. Jamais abaixei a cabeça para os obstáculos que a vida colocava em meu caminho! Jamais tive preconceito de nada, pois tudo na vida pode acontecer com  qualquer pessoa deste mundo tão grande e cheio de problemas inesperados...
E para você, o mundo lhe prepara todas as barreiras para enfrentá-las com muita força, coragem e determinação.
Isso não são só palavras escritas, mas são letras juntadas que saíram do fundo do meu coração, para chegarem até você com muita alegria. Portanto, erga a cabeça e siga sempre sorrindo!
O sorriso custa menos que a eletricidade e dá mais luz!
Por isso, determinação é o primeiro passo para um descobrimento. Ja­mais diga fracassei, mas, olhe para frente e diga vencerei. A gente não deve se preocupar com as barreiras que a vida coloca em nossos caminhos. Devemos passar pelo que temos que passar sem pensarmos em deixar de lutar, pois a pior coisa que existe é a desistência. A gente deve pensar em ser forte nesses momentos, mas nunca devemos desistir; com forças a gente enfrenta isso tudo num piscar de olhos, encaran­do a situação de frente, erguendo a cabeça e saindo dela. Esse não é o primeiro e nem será o último problema da minha vida, mas, nunca vou desistir do meu objetivo; e o maior objetivo de todos é vencer e vencendo, a gente pode ser feliz.
Por isso, devemos dar valor à nossa vida, porque a vida é uma das coisas mais preciosas que temos.
Se você tiver um tempinho, admire um pouco a vida, como é boa: fique olhando as estrelas, preste atenção em como brilham; olhe o céu, como é bonito; veja quantas pessoas existem no mundo e perceba que metade delas murmuram reclamando da vida, tendo saúde.
Dê mais valor à vida porque ela vale mais que qualquer coisa nesse mundo! Sorria! Mesmo que seja um sorriso triste, pois pior que um sorriso triste é a tristeza de não saber sorrir...
Sorria sempre, onde você estiver, mesmo se estiver passando por pro­blemas ditïceis, pois o sorriso já é uma grande ajuda. Não seja forte como o mar, que tudo destrói, mas seja forte como a rocha, que a tudo resiste. A vida é uma constante competição, onde somente os melhores se so­bressaem; portanto, faça tudo o que tiver que fazer da melhor maneira possí­vel.
Não para ser campeã, mas sim para poder dizer a todos, de cabeça erguida:
- Eu lutei!
Que a cada ano, cada dia e a cada instante, a gente se transforme e se renove mostrando cada vez mais que o melhor da vida ao sofrer, é passar pelos obstáculos se mostrando brilhante e dando um tom especial em nossas vidas. Quem me faz viver é Deus e a força do amor e por isso. sou o que tenho que ser. Há momentos na vida em que deveríamos nos calar e deixar que o silên­cio nos falasse ao coração, pois há sentimentos que a linguagem não expressa e há emoções que as palavras não sabem traduzir.
Não encontro palavras para descrever os sentimentos que tenho pela minha mãe, a dimensão do amor que por ela sinto. Não consigo me expressar quanto à amizade que encontro nessa mulher de coração gigante em cujo ventre me abrigou por 9 meses e que me ensinou com carinho e persistência a andar, falar e orar. Mãe que sei distinguir em seu olhar, o que está sentindo em seu coração. Mãe que sempre esteve ao meu lado se alegrando comigo nos momentos de alegria e se entristecendo nos momentos tristes. Mesmo quando crescemos e saímos de casa, elas ficam torcendo por nós, pelos nos­sos esposos e filhos.
Não me conformo como alguns jovens perdem tempo xingando suas mães, e até, alguns, batendo nelas. A todas elas devemos, sim, o nosso reco­nhecimento, nosso respeito, nosso amor e nossa gratidão.
Também devemos ser gratos aos pais, pois sem eles também não existi­ríamos e aos irmãos, com quem aprendemos a brincar e a dividirmos tudo.
Gratidão também à própria vida, que Deus nos deu e à possibilidade que nos dá de conseguirmos tudo o que queremos. Se você não acha a vida boa, pare um pouco de respirar e veja como éruim sentir falta de ar. Então respire devagar. Deixe o ar ir entrando vagarosa­mente em seus pulmões, satisfazendo uma necessidade tão grande de seu organismo.
E agradeça a Deus por não estar debaixo da água, ou mesmo soterrado, dentro de um buraco. Olhe à sua volta, e veja em que mundo lindo você vive!
Amo minha vida e gostaria que você amasse a sua da mesma forma. A você que acha que dinheiro é tudo, está enganado, pois dinheiro não salva a sua vida. O dinheiro só pode dar conforto, mas não pode dar a vida. Confesso a todos: antes de ficar doente, vivia reclamando de tudo e achando que a vida era um horror; não lhe dava valor nenhum, e queria ser rica; dizia sempre que não agüentava mais a pobreza e a falta de dinheiro constante. Mas, foi essa doença que me ensinou a ver que a gente não é nada nesse mundo e que a gente deve ajudar os outros não só com coisas materiais, mas também com apoio moral.
Sempre que você encontrar uma pessoa triste, chorando, passando por dificuldades, converse com ela e lhe fale de Deus, da necessidade de se ter fé, de erguer a cabeça e lutar para vencer os obstáculos da vida. Não tem coisa pior que deixar os obstáculos passarem por cima de você porque você não  lutou. Desistiu antes de vencer. Portanto, nunca desista por maior que seja a sua batalha, pois mesmo parecendo que não conseguiremos. Deus nos dará forças para lutarmos. Só Ele mesmo para me ajudar a passar por tudo que já passei e ainda encontrar olhos para ver as be­lezas do mundo e ter esperanças de ser fe­liz.
As médicas di­zem que sou forte, mas, não sabem que essa força que sinto vem de Deus. Hoje, após perder tantas amigas no hospital, sinto- me só.
MEUS MELHORES AMIGOS
A maioria de minhas colegas se foram e neste momento descansam em paz no céu.
Assim espero que esteja minha amiga Carolina; Carol da alegria, Carol da bagunça. Ti­nha 12 anos e era uma super amiga; ficáva­mos passeando pelo corredor da enfermaria, pin­tando as unhas, colando adesi­vos na careca, ouvindo música em seu discman e cantando; sempre que escuto sua música predileta, ~~Eu dormi na praça” (Bruno & Marroni), choro. Como foi ditïcil aceitar sua par­tida. Eu a via fraquinha, desenganada, mas não queria que se fosse. Seus pais, Dona Maria e Sr. Fernando, tinham ainda mais três filhos: Camila, Fábio e Rodrigo. Carol era a caçula, amorosa e carinhosa sempre. Seus pais eram muito atenciosos, educados, agradáveis conosco. Carol se foi no dia de seu aniversário. Sei que Deus a chamou, mas, Carol sempre estará presente em meu coração porque as lembranças e recordações a mim pertencem.
Assim também, todas as crianças a quem amei e amo, que se foram:
Sarnara, Danilo, Jenifer, Marcelo, Amanda, Karina, Bruna, Marcos Vinícius,Thaís, Matheus, Elenilson, André, Paloma, Vagner, Thaiara, Vanessa, Shirley, Isabel, Thaisinha e outros.
Gostaria de falar também sobre uma outra amiga especial. Karina, a quem chamava de irmã gêmea. Seu corpo não tinha nada a haver com o meu, pois ela era alta, branca, enquanto eu, sou baixa e morena; mas nossos espíri­tos tinham tudo em comum. Ambas tivemos o braço direito amputado na mesma epoca, tumores no pulmão também. Karina tinha a mesma idade que eu: fez 15 anos em janeiro e eu em 10 de fevereiro. Como sofreu minha ami­ga! Quanta dor e quanta falta de ar, no final da doença. Seus pais, também maravilhosos, Dona Angela e Sr. Marcos, tinham outra filha mais velha, Marina.
Quando os médicos amputaram seu braço, tiraram até o ombro e a famí­lia ficou feliz achando que ela estaria, com isso, curada. Fui visitá-la no hos­pital e eu e minha mãe entramos escondidas no quarto, fora do horário de visita, e levei-lhe uma foto minha do meu aniversário. Ela colocou-a em um painel, no seu quarto.
Sua família, inconformada, entrou em depressão, quando ela se foi; seu pai, que trabalhava de motorista, ficou 15 dias sem conseguir trabalhar e quando saiu de casa para isso, sofreu um acidente com o carro e ouvi dizer que morreu. Ficou só sua mãe, D. Angela, e sua filha Marina, de 16 anos. Que Deus lhes dê muita força para continuarem suas vidas. Vemos que sua famflia desmoronou, devido à sua doença, e vemos tan­tas famílias que têm tudo para serem felizes e não são unidas, não sabem aproveitar cada minuto, cada momento, para viverem juntas, e se amarem. Peço a todos que deixem as mágoas para trás, joguem no lixo o orgulho, e unam-se aos seus familiares, aqueles que Deus, em sua sabedoria infinita, colocou no mesmo endereço do Planeta. Não há força maior do que a de uma família unida!
Voltando aos meus amigos, o pior de tudo é que eu sempre estava pre­sente nas suas despedidas desta vida. Espero que estejam todos juntos, fazendo a maior bagunça lá no ceu. É por essas razões que digo, repito e não me canso de dizer que as pessoas deveriam acordar para a vida. Os drogados deixarem de se drogar, os que bebem deixarem de beber, os que fumam deixarem de fumar. Pararem de se intoxicar, de fazerem mal para seu próprio corpo, prejudicando sua saúde. Pois tenho a certeza que qualquer um desses meus amigos daria tudo para voltar à vida, para estarem junto de seus pais, seus irmãos, para estarem em suas casas, para terem seus corpos saudáveis e cheios de energia nova­mente.
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer a todos que me ajudaram com medicamentos e outras coisas, que meus pais não tinham condições de comprar. Que Deus lhes pa­gue em dobro e que nada lhes falte nunca.
Quero fazer uma homenagem a todas essas pessoas maravilhosas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, agradecendo de coração aos médi­cos do Grupo do Tumor, principalmente ao Dr. Sadao, às médicas da Hematologia Dra. Maria Luisa (Malú), Dra. Helaine, Dra. Maria Pizza e Dra. Paula, aos médicos da equipe de Cirurgia Infantil Dra. Carol, Dr. Rodrigo e Dr. Marcelo; agradeço também às enfermeiras do 30 andar, à nutricionista, às voluntárias; agradeço a Deus, aos pacientes, às mães que lutam pela cura de seus filhos, e àquelas cujos filhos, hoje descansam em paz no ceu.
FINAL
Quero terminar frizando:
- Dê valor à sua vida e saiba que aceitando-se tudo fica mais fácil para encontrar o caminho da felicidade...
É assim que vencerá a tudo e a todos...
E, quando no futuro, olhar as cicatrizes, verá as marcas do que aprendeu... 
Fonte

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