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O conselho raramente é bem recebido e quem mais necessita dele é quem menos o aprecia.

Philip Chesterfield

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Reino eterno de Deus: Nova Jerusalém

 A Nova Jerusalém (Apocalipse 21:1 - 22:5)
A última visão do livro mostra o estado exaltado dos servos fiéis na gloriosa presença de Deus. Como nas cenas de julgamento nos capítulos anteriores e, considerando os limites de tempo do cumprimento no início e no fim do livro, acredito que esta cena descreve, no seu sentido primário, a vitória dos perseguidos daquela época, e a bênção de descansar na proteção divina. Mas, como a cena do julgamento diante do grande trono branco prefigura o julgamento final, esta cena da exaltação dos vencedores prefigura a glória eterna de todos os vencedores.


A Chegada de Uma Nova Ordem (21:1-8)
João continua descrevendo as suas visões, e obviamente continua usando linguagem simbólica. Ele não viu uma cidade literalmente vestida de noiva (21:2), mas viu mais uma cena que simboliza o estado vitorioso dos fiéis e a bênção da presença e proteção de Deus. Os contrastes, também, continuam. A Babilônia foi uma cidade terrestre que caiu; a nova Jerusalém é uma cidade celestial que nunca será destruída. A Babilônia foi vista como uma meretriz decadente vestida em roupas que representavam a sua impureza e carnalidade; a nova Jerusalém é uma noiva, vestida em roupas que demonstram a sua pureza e espiritualidade.
Esta última visão do Apocalipse oferece conforto aos santos perseguidos pelo dragão e seus aliados. No sentido que mostra as bênçãos da comunhão com Deus, podemos fazer uma segunda aplicação à glória do céu, assim ilustrando a esperança dos discípulos fiéis de todas as épocas. Em ver o galardão dado àqueles vencedores, achamos motivação para sermos contados entre os vencedores no Dia Final!
21:1 – Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram: A terra e o céu fugiram do trono do Senhor (20:11). Este símbolo mostra o efeito da justiça e da santidade de Deus em relação ao mundo e a ordem mundana de governos ímpios e rebeldes. A figura de sacudir, abalar ou destruir a terra e os corpos celestiais aparece várias vezes nas profecias bíblicas contra nações. Quando Isaías profetizou o castigo da Babilônia, ele disse que Deus ia “converter a terra em assolação” e que “as estrelas e constelações dos céus não darão a sua luz”. Acrescentou as palavras de Deus: “Portanto, farei estremecer os céus; e a terra será sacudida do seu lugar” (Isaías 13:9,10,13). Obviamente o mundo inteiro não foi destruído no cumprimento desta profecia, mas o mundo dos babilônicos chegou ao fim. O mesmo profeta falou do castigo de várias nações, e disse: “Eis que o Senhor vai devastar e desolar a terra, vai transtornar a sua superfície e lhe dispersar os moradores”; “A terra será de tudo quebrantada, ela totalmente se romperá, a terra violentamente se moverá....ela cairá e jamais se levantará. Naquele dia, o Senhor castigará, no céu, as hostes celestes, e os reis da terra, na terra” (Isaías 24:1,19-21). Alguns capítulos depois, falando novamente do castigo das nações, ele disse: “Todo o exército dos céus se dissolverá, e os céus se enrolarão como um pergaminho; todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide e a folha da figueira” (Isaías 34:4). Pedro diz que o mundo da época de Noé “veio a perecer” (2 Pedro 3:6; cf. 2:5), não no sentido de uma destruição total do planeta, mas como maneira de mostrar que a ordem corrupta de sua época passou. As visões do Apocalipse 20:11 e 21:1 usam as mesmas figuras para descrever o castigo dos povos rebeldes.
Se o passar do céu e a terra representa o fim da antiga ordem na qual o diabo e seus servos dominavam os fiéis e venciam os santos (11:7; 13:7,15; 17:17-18), o novo céu e nova terra representam a nova ordem em que Jesus e seus adoradores dominam (11:15-19; 14:9-12; 20:4,6). É nesse sentido que Isaías relatou a promessa de Deus, olhando para Israel espiritual, o reino messiânico: “Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Isaías 65:17; cf. 66:22). Os capítulos 21 e 22 do Apocalipse apresentam a igreja abençoada na comunhão com o Senhor – os vencedores no tabernáculo estendido por Deus.
E o mar já não existe: Há duas explicações boas desta frase. A primeira liga o mar ao contexto imediato, sugerindo que ele pertence à mesma categoria do céu e terra que passam no mesmo versículo. Assim, seria o mesmo mar da sociedade humana de onde surgiu a besta (13:1). A segunda identifica o mar com o mar de vidro (4:6; 15:2). Nesta segunda interpretação, o mar representa a separação entre Deus e suas criaturas, e seria uma progressão de separação (4:6) à transição (15:2) à proximidade (21:1). Ambas as interpretações enfatizam a nova ordem de bênçãos para os fiéis depois do castigo dos ímpios.
21:2 – Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.
Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus: Os profetas do Antigo Testamento usaram a figura de uma nova e perfeita cidade para representar a bênção da comunhão com Deus depois de um período de sofrimento. Especificamente, falaram da igreja ou do reino do Messias que viria depois da purificação do cativeiro. Este tema é especialmente forte em livros como Ezequiel (capítulos 40-48) e Isaías (capítulos 60-66; especialmente 65:18-19). Paulo desenvolveu o mesmo tema quando falou de Jerusalém livre, que vem de cima (Gálatas 4:26-31). O autor de Hebreus, também, viu a cidade celestial como a igreja já existente no primeiro século: “Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial...igreja dos primogênitos” (Hebreus 12:22-23). A mesma linguagem aqui no Apocalipse descreve a igreja do Senhor. Nada no texto aqui limita essas bênçãos ao futuro (a igreja no céu). Podemos entender a nova Jerusalém como a igreja já abençoada aqui na terra e, desta maneira, a interpretação deste trecho se ajusta ao contexto histórico do livro.
Ataviada como noiva adornada para o seu esposo: A mesma figura que encontramos em 19:7-8 (cf. os comentários na lição 30 e as citações em Efésios 5:25-27 e 2 Coríntios 11:2). Isaías descreveu as bênçãos da salvação em Cristo “como noiva que se enfeita com as suas jóias” (61:11).
21:3 – Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.
Então, ouvi grande voz vinda do trono: Esta declaração – seja da grande voz de Jesus (1:10), ou de um anjo (5:2; 7:2; etc.), de um dos quatro seres viventes (6:1), ou do próprio Pai (21:5) – vem de Deus. A linguagem vem diretamente de promessas do Velho Testamento sobre a restauração de Israel espiritual pelo Messias.
Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles: As Escrituras estão repletas de frases como estas, descrevendo a comunhão entre Deus e os santos. Deus queria uma relação desta qualidade no Velho Testamento: “E habitarei no meio dos filhos de Israel e serei o seu Deus” (Êxodo 29:45). Jerusalém, o lugar escolhido por Deus para a edificação do templo, passou a representar a habitação de Deus no meio do povo (2 Crônicas 6:2; Esdras 1:3). Mas, o povo rompeu os laços de comunhão, repetidamente, pelo pecado (Ezequiel 10:18-19; 11:22-23; Isaías 59:2). Os profetas falaram das bênçãos guardadas para o povo restaurado. Deus disse: “O meu tabernáculo estará com eles; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (Ezequiel 37:27; cf. 37:23,28; Zacarias 2:10-11; 8:8; Jeremias 30:21-22; 31:33). Jesus veio para fazer o seu tabernáculo entre os homens (João 1:14), e a comunhão se tornou possível pelo sangue dele (Efésios 2:11-18), e pela purificação do povo arrependido (2 Coríntios 6:14-18; cf. Jeremias 24:7).
21:4 – E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.
A linguagem deste versículo, quando lida isoladamente, parece descrever o céu. Certamente esperamos uma circunstância desta qualidade no céu. Mas a aplicação primária, ainda, deve ser feita à condição abençoada da igreja desde a época de João. Esta interpretação é apoiada pelas passagens proféticas que usaram a mesma linguagem para apontarem o reino messiânico.
E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram: O livramento do povo da opressão foi descrita num cântico por Isaías: “Tragará a morte para sempre, e, assim, enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos...” (Isaías 25:8; cf. 30:19; 35:10). A volta do cativeiro traria alegria, expulsando a tristeza do meio do povo (Isaías 51:11). As boas-novas da salvação no Ungido ia “consolar todos os que choram” (Isaías 61:2). Esta alegria se tornaria característica dos novos céus e nova terra (Isaías 65:19-20).

21:5 – E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
E aquele que está assentado no trono disse: É Deus quem fala, e Deus que cumpre as promessas aos fiéis. Podemos confiar na fiel e verdadeira palavra do Senhor.
Eis que faço novas todas as coisas: A libertação do povo do domínio da Babilônia foi descrita como uma renovação (Isaías 43:18-19). Num sentido espiritual, Deus prometeu fazer as novas coisas por meio do seu Servo (Isaías 42:9). Recebemos esta bênção em Cristo: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5:17).
E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras: Deus salientou a importância desta promessa da renovação, relembrando João de sua responsabilidade de escrever as palavras ouvidas. São verdadeiras.
21:6 – Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.
Disse-me ainda: Tudo está feito: Deus sempre cumpre as suas promessas, e anuncia a obra completa com estas palavras.
Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim: Deus se apresentou como “o Alfa e Ômega” no início do livro (1:8) e Jesus se declarou “o primeiro e o último” (1:17; 2:8). Estas expressões mostram, não somente a eternidade de Deus, mas a sua capacidade de cumprir a sua palavra, de terminar o que começa. Ele garante o resultado para o conforto dos santos.
Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida: O conforto ou alívio toma a forma de água para o sedento. Deus é quem dá água aos aflitos (Isaías 41:17-20). O Servo que restauraria Israel, seria seu Pastor e conduziria o povo “aos mananciais das águas” (Isaías 49:8-10). Deus oferece as águas na Nova Aliança (Isaías 55:1-3). Depois de julgar os inimigos do seu povo, nos dias das bênçãos do evangelho, sairia “uma fonte da Casa do Senhor(Joel 3:18; cf. 2:28; 3:1; Atos 2:16-21).
21:7-8 – O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho. 8 Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.
Os versículos 7 e 8 apresentam mais um contraste entre os servos do Senhor e os servos do diabo. O propósito deste contraste é óbvio. Cada um precisa escolher. Ou será um vencedor com Cristo, ou um perdedor total. A herança é gratuita (Efésios 2:8-9), mas exige um compromisso com o Senhor.
O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho: As promessas feitas aos vencedores nas sete cartas às igrejas são maneiras diferentes de expressar um único tema: quem for fiel ao Senhor terá a bênção de comunhão com ele. Leia, de novo, as promessas nos finais das cartas (2:7,10-11,17,26-28; 3:5,12,21). Recebemos a adoção de filhos e nos tornamos herdeiros por meio de Jesus (Gálatas 4:4-7). Ele nos trata como primogênitos (Hebreus 12:23), com o privilégio de sermos herdeiros do próprio Senhor (Efésios 3:6).
Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte: Os ímpios, porém, não compartilham a mesma esperança. Aqueles que têm vergonha de Jesus, que não acreditam no Senhor ou que desobedecem a vontade dele não são herdeiros de Deus. A herança deles é o lago de fogo, a segunda morte.
A linguagem destes dois versículos nos lembra do apelo final do livro de Isaías, salientando a diferença entre os vivos na cidade santa e os mortos fora da cidade (Isaías 66:22,24).

A Descrição da Nova Jerusalém (21:9 - 22:5)
A visão continua. Novamente, observamos o uso de linguagem figurada. Se este trecho fosse literal, descreveria uma cidade de 2.200 km de comprimento, largura e altura!
21:9 – Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro;
Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo: O anjo faz o que Deus manda. Quando Deus mandou este anjo anunciar uma praga, ele obedeceu. Agora, ele traz uma mensagem mais agradável. Ele mostra o resultado da vitória sobre o mal realizada nos capítulos anteriores.
Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro: Ela já apareceu em 19:7 e 21:2. Agora, o anjo mostrará os detalhes da natureza da noiva ou esposa de Jesus. Já sabemos que a noiva é, também, a cidade santa, Jerusalém lá do alto. A descrição nos versículos seguintes é da cidade espiritual, da igreja do Senhor.

21:10 – e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,
E me transportou, em espírito, até uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus: João estava em espírito quando Jesus começou a revelar a sua mensagem (1:10). Ezequiel foi transportado pelo Espírito de Deus para ver Jerusalém imunda, cheia das abominações de um povo rebelde e idólatra (Ezequiel 8:3; 11:1). Esta visão de João é muito melhor. Ele verá Jerusalém pura e santa – a igreja do Senhor lavada no sangue do Cordeiro! A figura da cidade santa e perfeita representa o estado abençoado do povo de Deus restaurado no reino messiânico, uma imagem comum nos profetas do Velho Testamento, como Ezequiel e Isaías, e empregado aqui para mostrar o povo abençoado depois de suportar os ataques dos inimigos.
21:11 – a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina.
A qual tem a glória de Deus: Nesta frase é resumido o fato mais importante desta descrição da nova Jerusalém. Ela é linda e perfeita porque Deus habita nela.
A cidade mundana tinha a vergonha da meretriz. A cidade santa tem a glória de Deus. Quando Moisés ergueu o tabernáculo no deserto de Sinai, “a glória do Senhor encheu o tabernáculo” (Êxodo 40:34). Quando a arca da aliança foi colocada no templo de Salomão, “a glória do Senhor enchera a casa do Senhor(1 Reis 8:11). Mas, naquela época, em que homens pecaminosos representavam o povo diante do Senhor (cf. Hebreus 7:26-28), os sacerdotes não podiam entrar na casa quando a glória de Deus estava lá (2 Crônicas 7:2). A chegada do reino de Cristo mudou a circunstância do povo de Deus. Ele trouxe perdão e santificação, e Deus passou a habitar nos homens fiéis (João 14:15,23). A igreja no Novo Testamento é a casa ou santuário de Deus (1 Timóteo 3:15; 1 Coríntios 3:16-17). O Espírito Santo habita no corpo do discípulo de Jesus (1 Coríntios 6:10-20).
O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina: A cidade brilha! Pedras preciosas foram usadas para representar o povo de Israel nas vestes sacerdotais (Êxodo 39:6-7). Pedras preciosas foram usadas na construção do templo em Jerusalém (1 Crônicas 29:2; 1 Reis 5:17; 2 Crônicas 3:6). No Novo Testamento, os cristãos são as pedras preciosas da casa espiritual (1Pedro 2:4-5; 1 Coríntios 3:10-12), pois refletem a glória do Senhor (2 Coríntios 3:18). Jaspe é uma pedra que se apresenta em várias cores (cf. comentários sobre 4:3). Jaspe cristalina sugere, provavelmente, a pedra branca, assim representando a santidade brilhante da nova Jerusalém.

21:12-14 – Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. 13 Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. 14 A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.
Tinha grande e alta muralha: As cidades antigas normalmente foram protegidas por muralhas, que separavam os cidadãos dos seus inimigos. Zacarias, numa visão de Jerusalém, ouviu Deus dizer: “Pois eu lhe serei, diz o Senhor, um muro de fogo em redor e eu mesmo serei, no meio dela, a sua glória” (Zacarias 2:5). O muro ao redor do templo, na visão de Ezequiel, servia “para fazer separação entre o santo e o profano” (Ezequiel 42:20). Os servos do Senhor acham refúgio, santificação e proteção em Jesus (Mateus 11:28; Colossenses 3:3).
Doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel: A cidade representa o povo aperfeiçoado habitando na presença de Deus, e o número doze se destaca como o número do povo de Deus. A cidade simbólica nos últimos capítulos de Ezequiel tinha, também, doze portas representando as doze tribos (Ezequiel 48:30-34).
Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste: No acampamento dos israelitas no deserto, três tribos ficavam de cada lado do tabernáculo (Números 2).
A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos apóstolos do Cordeiro: Completando a figura do povo redimido, os doze apóstolos se juntam às doze tribos. Paulo disse que os santos são “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular” (Efésios 2:20).

21:15 – Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha.
Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha: Zacarias viu um homem com um cordel para medir Jerusalém, mostrando a glória de Sião como a menina do olho de Deus (Zacarias 2:1-13). Ezequiel viu a derrota de Gogue seguida por uma visão em que o templo foi medido antes de Deus voltar para habitar no meio do povo (Ezequiel 40:1 - 42:20). O ato de medir mostra a perfeição do padrão da santidade divina, em contraste com a impureza do povo antes de ser redimido: “Mostra à casa de Israel este templo, para que ela se envergonhe das suas iniqüidades; e meça o modelo. Envergonhando-se eles de tudo quanto praticaram, faze-lhes saber a planta desta casa e o seu arranjo.... todo o seu limite ao redor será santíssimo...” (Ezequiel 43:10-12).
Agora, o anjo que oferece a explicação a João está pronto para medir a cidade e frisar a diferença entre o santo e o profano.
21:16 – A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios. O seu comprimento, largura e altura são iguais.
A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais.... O seu comprimento, largura e altura são iguais: A cidade quadrangular é um cubo perfeito, como foi o Santo dos Santos no templo do Antigo Testamento (1 Reis 6:20). Compare, também, as medidas iguais dos lados do templo em Ezequiel 48:16-17.
E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios: Doze (o número do povo de Deus) vezes mil (um número completo) simboliza a perfeição do povo de Deus. Este versículo apresenta um problema para as interpretações literais. 12.000 estádios seria aproximadamente 2.200 quilômetros. Jerusalém literal é uma cidade na terra da Palestina, uma área de aproximadamente o tamanho de um oitavo do estado de São Paulo. Mas esta cidade, se entendida literalmente, teria mais do que a metade da área do Brasil! E esta cidade tem a mesma altura, ou seja, estenderia-se 2.200 quilômetros para cima! Se fosse literal, a cidade seria 250 vezes mais alta do que o monte Everest, o pico mais alto do mundo. Obviamente, este, como outros aspectos da visão, deve ser entendido figuradamente.
21:17 – Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de homem, isto é, de anjo.
Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados: O texto não diz se esta medida é da altura ou da espessura da muralha, e realmente não importa. O ponto não é de uma medida literal de 65 metros, mas do valor simbólico de doze vezes doze. Tudo nesta cidade mostra a perfeição do povo na presença de Deus. É uma noiva sem mácula!
Medida de homem, isto é, de anjo: Uma medida que um homem, João, entendeu quando o anjo a usou.
21:18-21 – A estrutura da muralha é de jaspe; também a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido. 19 Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda; 20 o quinto, de sardônio; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o undécimo, de jacinto; e o duodécimo, de ametista. 21 As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente.
Esta parte da descrição da nova Jerusalém nos lembra da promessa de Deus de edificar os muros, as portas e os baluartes de Sião de jóias e pedras preciosas (Isaías 54:11-12). Como Isaías usou essas figuras para descrever as características do reino messiânico, João emprega linguagem semelhante para falar do mesmo reino.
A estrutura da muralha é de jaspe: Características da glória de Deus, e agora, da noiva de Cristo (cf. 4:3; 21:11).
Também a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido: O elemento mais destacado no tabernáculo e no templo do Velho Testamento, ouro representa a preciosidade e a pureza. Mesmo ouro anteriormente utilizado na idolatria passava pela purificação por fogo e se tornava útil para uso no serviço sagrado (Josué 6:19; Números 31:22-23). Da mesma maneira, pessoas podem ser purificadas e se tornarem “ouro” para serem úteis na casa de Deus (2 Timóteo 1:20-22).
Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas....: Ele já disse que as pedras da muralha têm os nomes dos doze apóstolos (21:14). Agora, ele mostra a preciosidade deles na edificação da igreja, citando nomes de doze das mais valiosas pedras conhecidas na época. Não vejo proveito em tentativas de atribuir um significado especial a cada pedra. Estas pedras fazem parte da representação total do povo do Senhor, como também faziam as doze pedras no peitoral do sacerdote na Antiga Aliança (Êxodo 28:15-21).
As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola: Os pré-milenaristas, que procuram adotar interpretações literais desta descrição em relação a uma cidade terrestre futura, geralmente dizem que é a mesma cidade de Isaías 54, citada acima. Mas a cidade de Isaías teria portas de carbúnculos (Isaías 54:12). Para tratar as duas profecias literalmente, teríamos que esperar duas cidades fantásticas ainda no futuro – uma com portas de carbúnculos e outra com portas de pérola? Não devemos nos perder neste tipo de interpretação literal. A igreja não tem e não terá, literalmente, portas de pérolas gigantes, nem de carbúnculos. Estas portas fazem parte da figura de uma cidade perfeita, preciosa e gloriosa, pois ela representa a perfeição da comunhão dos santos com Deus!
A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente: Pureza total e de uma magnitude que desafia a imaginação. Os recursos de ouro que Salomão recebia durante seu reinado foram impressionantes (1 Reis 10:14-22), mas não seriam nada em contraste com uma cidade de 2.200 quilômetros cúbicos feita de ouro com a praça de ouro! E tudo de ouro puro, límpido como vidro! Como a santidade se tornou linda aos olhos de João, e deve se tornar igualmente bonita, perfeita e desejável aos olhos de cada servo do Senhor (Hebreus 12:14; cf. Salmo 19:7-10).
21:22-24 – Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. 23 A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada. 24 As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória.
Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro: O santuário do tabernáculo e, depois, do templo, no Velho Testamento, servia para representar a presença de Deus. Era uma sombra da comunhão íntima dos santos com o Senhor. Mas o Cordeiro trouxe esta comunhão íntima. Habitou entre os homens (João 1:14). Prometeu fazer morada nos fiéis (João 14:23). No Apocalipse, Deus estende sobre os fiéis o seu santuário (7:15). Ele é o santuário verdadeiro dos seus servos.
A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada: Além de oferecer a proteção como santuário, Deus é a única fonte de luz, pois ele é luz (1 João 1:5). No universo físico, ele colocou o sol, a lua e as estrelas para alumiar a terra, mas a luz já existia antes da criação desses luzeiros (Gênesis 1:3,14-19). Isaías usou o mesmo conceito para descrever a bênção da comunhão no reino messiânico (Isaías 60:1-3,19-20). Jesus afirmou claramente: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário, terá a luz da vida” (João 8:12).
As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória: Em Isaías 60:3, o profeta olhou para a glória futura do reino de Cristo e falou que as nações e reis iam encaminhar-se para a luz de Deus. É uma das várias profecias da salvação dos gentios cumpridas a partir da conversão da família de Cornélio (Atos 10).
21:25-26 – As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite. 26 E lhe trarão a glória e a honra das nações.
As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite: A salvação e a oportunidade de entrar no reino do Senhor são estendidas a todos. As nações e os reis têm este privilégio de participar do reino eterno de Cristo. A iluminação constante representa a bênção do perdão que Deus deu a Israel (Isaías 30:26).
E lhe trarão a glória e a honra das nações: A entrada dos povos traz glória para Deus. Isaías 60:11 diz: “As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão, para que te sejam trazidas riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os seus reis.” Isaías falou, várias vezes, da glória que as nações dariam para o Senhor e para o povo fiel (Isaías 45:14; 49:22-23; 60:5,11-14; 61:6).
21:27 – Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro.
Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira: Isaías, 800 anos antes de João ver esta visão, disse da glória de Sião: “E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, pois será somente para o seu povo...” (Isaías 35:8; 52:1). A igreja é composta dos santificados; é a nação santa (1 Pedro 2:9).
No Velho Testamento, pessoas com defeitos físicos foram proibidas de servir como sacerdotes no santuário (Levítico 21:16-24), prefigurando a pureza espiritual dos sacerdotes na Nova Aliança, os cristãos santificados que habitam em Deus.
Mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro: Os habitantes da cidade santa são os santos, as pessoas que pertencem ao Cordeiro.
22:1-2 – Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro. 2 No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos.
Então, me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal: No Éden, um rio regava o jardim (Gênesis 2:10) e houve, também, a árvore da vida (Gênesis 3:22). Quando caiu no pecado, o homem perdeu seu acesso a essa árvore. Isaías profetizou da resposta divina à sede espiritual do povo perdido: “Os aflitos e necessitados buscam águas, e não as há, e a sua língua se seca de sede; mas eu, o SENHOR, os ouvirei, eu, o Deus de Israel, não os desampararei. Abrirei rios nos altos desnudos e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto em açudes de águas e a terra seca, em mananciais” (Isaías 41:17-18; 43:20).
Que sai do trono de Deus e do Cordeiro: Na visão da cidade santa da habitação de Deus, Ezequiel viu um rio que nascia no templo, com árvores frutíferas de ambos os lados (Ezequiel 47:1-12). A água que sustenta vem do trono de Deus.
No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos: Este versículo é muito parecido com Ezequiel 47:12, frisando a bênção de estar na presença de Deus, na cidade santa, sustentado e protegido pelo próprio Senhor. O número doze, repetido nestas figuras, reforça a idéia do povo de Deus que recebe estas bênçãos na presença dele. Pelo povo dele, Deus oferece, também, cura para os povos. A divulgação do evangelho pela igreja do Senhor traz cura aos povos corrompidos pelo pecado.

22:3-4 Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, 4 contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele.
Nunca mais haverá qualquer maldição: Zacarias falou da salvação de Jerusalém quando disse: “Habitarão nela, e já não haverá maldição, e Jerusalém habitará segura” (Zacarias 14:11). A maldição que afligia o homem desde o pecado do primeiro casal no Éden foi removida pelo sacrifício de Jesus. A cidade santa é abençoada e segura.
Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro: Olhando para a circunstância abençoada de Israel restaurada, Jeremias disse: “Naquele tempo, chamarão a Jerusalém de Trono do Senhor” (Jeremias 3:17). Novamente, a figura frisa o ponto mais importante de toda esta imagem de bênção – a presença de Deus. A cidade santa deriva sua beleza e grandeza, não de pedras ou ouro ou qualquer outro elemento material, mas da presença de Deus. E todas as referências a materiais preciosos servem simplesmente como símbolos do povo abençoado na presença do seu Deus.
Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face: Deus está no trono, e os servos lhe dão a devida honra. Não há privilégio maior para uma criatura do que servir na presença imediata do Criador. A proximidade desta comunhão é destacada pelo acréscimo: “contemplarão a sua face”. Esta expressão vem de vários textos que frisam a comunhão dos justos com Deus. “Eu, porém, na justiça, contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança” (Salmo 17:15). “Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça; os retos lhe contemplarão a face” (Salmo 11:7; cf. 140:13). Esta frase descreve o tipo de comunhão especial com Deus que Moisés gozava (Números 12:6-8; Deuteronômio 34:10).
E na sua fronte está o nome dele: O sumo sacerdote tinha na sua mitra uma lâmina de ouro com as palavras “Santidade ao Senhor (Êxodo 28:36-38) que usava para representar o povo diante de Deus. Aqui, o próprio povo de Deus se apresenta como a propriedade dele. Como já observamos nos comentários sobre 3:12, o nome gravado representa posse. O povo – a igreja, a noiva, a cidade santa – pertence a Deus.
22:5 – Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos.
Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem de luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles: Ele repete o mesmo tema de 21:23-25. A luz venceu. Os cidadãos deste reino já saíram “do império das trevas” (Colossenses 1:13) para andar na luz (1 João 1:5-7).
E reinarão pelos séculos dos séculos: A vitória dos fiéis não é limitada a algum período fixo (veja comentários sobre 20:4,6), pois é eterna. Daniel viu este mesmo período da vitória do reino de Deus sobre o arrogante imperador romano, e disse: “Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de eternidade em eternidade” (Daniel 7:18; cf. 7:22 e 27).

Conclusão
Nas cartas às igrejas nos capítulos 2 e 3, Jesus fez uma série de promessas aos vencedores. Somadas, essas promessas falaram da comunhão com Deus, da bênção de habitar na presença do Senhor. A descrição da cidade santa, a nova Jerusalém, reforça todas aquelas promessas. No nosso estudo deste trecho, devemos lembrar que a ênfase não está em lugar (céu ou terra) nem tempo (passado, presente ou futuro), mas na pessoa de Deus habitando no meio do seu povo abençoado e protegido. “Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá” (3:12). “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono” (3:21). Que consolação!

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